“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
janeiro 2011
fevereiro 2011
março 2011
abril 2011
maio 2011
junho 2011
julho 2011
outubro 2011
agosto 2012
novembro 2014
dezembro 2014
janeiro 2015
fevereiro 2015
março 2015
abril 2015
maio 2015
junho 2015
julho 2015
agosto 2015
outubro 2015
dezembro 2015
fevereiro 2016
dezembro 2016
setembro 2017
fevereiro 2019
março 2019
abril 2019
maio 2019
setembro 2019
talvez
segunda-feira, 22 de abril de 2019 || 16:24
Entrei no bar já um pouco tocada, daqueles dias em que as cervejas não foram muitas mas pesam o dobro pelo estado de espírito. Sentei-me a um canto, ignorando os olhares que me acusam de forasteira, os mesmos que me fizeram fugir daqui assim que pude. Estas paredes de granito dão-me PTSD, em cada concavidade sinto a tua língua interlaçar a minha, em cada flash da luz azulada sinto as tuas mãos a percorrer as minhas coxas. Uma ansiedade crescente, o frio na barriga, o desespero. Mas não estás. Estás bem longe daqui, mas existes em cada partícula de ar carregado de fumo deste local. No meio do êxtase, cruzo-me com um dos teus amigos. São cada vez menos, crescer é fodido. As merdas acontecem e poucos ficam para contar a história. Trocamos um cumprimento puramente por obrigação social de terra pequena e ele continua a olhar-me do outro lado da sala, como se uma dúvida incessante o esmagasse. Não entende, nem ele nem ninguém. Será que sentiu o meu desespero no ar? Será que te sente no nevoeiro de nicotina? Será que sabe o que me disseste ao ouvido a última vez que me viste? Talvez.