Tu me tues. Tu me fais du bien.

The writer
A girl lost in translation. Cinema lover, currently crushed on Godard. Worst temper than Mr. Darcy's. Too concerned with politics and philosophy for a medical student. Left wing. Name a western and I'll tell you the story. ♥

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“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
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sábado, 30 de março de 2019 || 14:58

A única coisa que me tira de mim é a dúvida. Queria acreditar, num gesto irracional e fervoroso, sem olhar ao amanhã, sem ter flasbacks de outras eras. Mas não consigo, não sei se por culpa das minhas barreiras ou cicatrizes. Há dias perguntaram-me porque é que tinha deixado de acreditar em Deus. Perdi a fé há muitos anos, no mesmo dia que tu. Ainda hoje me revolta o dia claro e limpo que estava, o sol que reflectia na madeira do caixão dele. Nunca escrevi sobre isto. Não sei bem porque o estou a fazer hoje. Lembro-me de não chorar, do vazio, do baque da terra seca a cair sobre a madeira. Lembro-me de segurar a mão do Carlos todo o tempo e sentir que os meus ossos iam partir a qualquer segundo.  Tu estavas atrás, sem expressão no rosto. Só te vi assim quando os teus pais se separaram. Nesse dia perdemos a fé e crescemos mais do que deviamos. Éramos demasiado novos e ele também. Gostava de poder dizer que foi o pior dia da minha vida, mas muito aconteceu depois disso. Às vezes, ainda acordo com esse nó na garganta. Uma vontade enorme de te ligar e falar daquele dia, para me dizeres que a vida é assim e que temos de acordar felizes por estarmos vivos. Não o faço porque sei que a ferida ainda te arde, como a mim.

the end is close
quinta-feira, 28 de março de 2019 || 21:31

São quatro da manhã e acordei aflita. Uma ansiedade do caralho como já não batia há muito. Estavas a rir-te mas não encontrei piada entre o sufoco de quem leva um murro no esterno. Não acontecia há meses e não me lembro o que devo fazer. Precisava de um cigarro. Tacteio às cegas o chão ao lado da cama desfeita mas deixei de fumar. Precisava tanto de expelir esta angústica sob a pressão de um sustenido. Há muito que deitei fora o maço que me tinhas deixado, num ataque de raiva. "Para quando tiveres saudades minhas" - escreveste, por cima do "fumar mata". Não tenho, sou franca, só queria mesmo um cigarro que matasse esta ansiedade que me trucida a alma em dias vazios.

Whatever future brings
terça-feira, 5 de março de 2019 || 11:33

Pôr o coração ao largo. Aquela frase que a minha mãe tanto me repetiu e que representava um nirvana inatingível. Talvez seja a maturidade que veio com a idade ou ter aprendido a ler melhor os sinais do cosmos. Parece que temos de passar por uma destruição total para renascer das cinzas: da nossa alma, da nossa zona de conforto, das nossas limitações e crenças. Não ter nada em mente para conseguir ver mais nitidamente a perspectiva. Acreditar que nada acontece por acaso e quando tudo parece desmoronar na nossa vida, there's a bigger plan.