“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
janeiro 2011
fevereiro 2011
março 2011
abril 2011
maio 2011
junho 2011
julho 2011
outubro 2011
agosto 2012
novembro 2014
dezembro 2014
janeiro 2015
fevereiro 2015
março 2015
abril 2015
maio 2015
junho 2015
julho 2015
agosto 2015
outubro 2015
dezembro 2015
fevereiro 2016
dezembro 2016
setembro 2017
fevereiro 2019
março 2019
abril 2019
maio 2019
setembro 2019
...
sábado, 30 de março de 2019 || 14:58
A única coisa que me tira de mim é a dúvida. Queria acreditar, num gesto irracional e fervoroso, sem olhar ao amanhã, sem ter flasbacks de outras eras. Mas não consigo, não sei se por culpa das minhas barreiras ou cicatrizes. Há dias perguntaram-me porque é que tinha deixado de acreditar em Deus. Perdi a fé há muitos anos, no mesmo dia que tu. Ainda hoje me revolta o dia claro e limpo que estava, o sol que reflectia na madeira do caixão dele. Nunca escrevi sobre isto. Não sei bem porque o estou a fazer hoje. Lembro-me de não chorar, do vazio, do baque da terra seca a cair sobre a madeira. Lembro-me de segurar a mão do Carlos todo o tempo e sentir que os meus ossos iam partir a qualquer segundo. Tu estavas atrás, sem expressão no rosto. Só te vi assim quando os teus pais se separaram. Nesse dia perdemos a fé e crescemos mais do que deviamos. Éramos demasiado novos e ele também. Gostava de poder dizer que foi o pior dia da minha vida, mas muito aconteceu depois disso. Às vezes, ainda acordo com esse nó na garganta. Uma vontade enorme de te ligar e falar daquele dia, para me dizeres que a vida é assim e que temos de acordar felizes por estarmos vivos. Não o faço porque sei que a ferida ainda te arde, como a mim.
the end is close
quinta-feira, 28 de março de 2019 || 21:31
São quatro da manhã e acordei aflita. Uma ansiedade do caralho como já não batia há muito. Estavas a rir-te mas não encontrei piada entre o sufoco de quem leva um murro no esterno. Não acontecia há meses e não me lembro o que devo fazer. Precisava de um cigarro. Tacteio às cegas o chão ao lado da cama desfeita mas deixei de fumar. Precisava tanto de expelir esta angústica sob a pressão de um sustenido. Há muito que deitei fora o maço que me tinhas deixado, num ataque de raiva. "Para quando tiveres saudades minhas" - escreveste, por cima do "fumar mata". Não tenho, sou franca, só queria mesmo um cigarro que matasse esta ansiedade que me trucida a alma em dias vazios.
Whatever future brings
terça-feira, 5 de março de 2019 || 11:33
Pôr o coração ao largo. Aquela frase que a minha mãe tanto me repetiu e que representava um nirvana inatingível. Talvez seja a maturidade que veio com a idade ou ter aprendido a ler melhor os sinais do cosmos. Parece que temos de passar por uma destruição total para renascer das cinzas: da nossa alma, da nossa zona de conforto, das nossas limitações e crenças. Não ter nada em mente para conseguir ver mais nitidamente a perspectiva. Acreditar que nada acontece por acaso e quando tudo parece desmoronar na nossa vida, there's a bigger plan.