“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
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Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014 || 20:41
A efemeridade da vida é algo que se assume verdadeiramente assustador, especialmente quando actua como agente de afirmação da fragilidade humana. Num século em que se atribui à ciência a culpa de falhar, diga-se de morrer, é inconcebível que perante o momento de aflição final se estabeleça que não há nada a fazer. Palavras cruas que, na maioria das vezes, nem são proferidas perdendo-se na luta contra o tempo. Faz-se de tudo quando, por vezes, não há nada a fazer. Como futura profissional de saúde, esta realidade inevitável surge-me como umas trevas sem fim que me engolem de uma só dentada. E se um dia, não conseguir salvar alguém quando as últimas esperanças forem depositadas em mim? Como viverei com esse peso no meu coração (sim, que isto não são temáticas para a consciência)? Como?! Estas questões preocupam-me, a minha complexidade psicológica não me permitirá avançar, ultrapassar um bloqueio destes. Tenho uma visão bastante optimista face ao conceito de morte, aceitando-a como algo natural, tão natural que só poderia ser equiparada ao nascimento. Mas nenhum optimismo me salvará se a vida me colocar num episódio infernal como o que um dos professores que mais idolatro relatou hoje. "Há dias em que a merda do canudo não nos serve para nada." Há dias em que nos temos de limitar ao fatalismo da experiência de existir. Estou de luto. Pela integridade moral de todos os médicos que não se desculpam entre eufemismos mesmo quando é a vida a falhar e não eles.