Tu me tues. Tu me fais du bien.

The writer
A girl lost in translation. Cinema lover, currently crushed on Godard. Worst temper than Mr. Darcy's. Too concerned with politics and philosophy for a medical student. Left wing. Name a western and I'll tell you the story. ♥

- click in the title to get older posts



Template by Elle @ satellit-e.bs.com
Banners: reviviscent
Others: (1 | 2)


“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 outubro 2011 agosto 2012 novembro 2014 dezembro 2014 janeiro 2015 fevereiro 2015 março 2015 abril 2015 maio 2015 junho 2015 julho 2015 agosto 2015 outubro 2015 dezembro 2015 fevereiro 2016 dezembro 2016 setembro 2017 fevereiro 2019 março 2019 abril 2019 maio 2019 setembro 2019

(re)aberto
sábado, 15 de novembro de 2014 || 21:00

Passaram 2 anos desde a última vez que aqui escrevi. Passei 2 anos em branco.
As palavras foram muitas, desde sussurros abafados pelo choro a gritos de felicidade repetidos ao expoente da loucura. Quando criei o blog, em 2010, precisava de alguém que me ouvisse: troquei os diários de papel por um diário digital. Com o fim do secundário, a minha vida deu uma volta de 180º. Seria injusta se dissesse que esta mudança me invadiu com um mar de rosas, seria incorrecta se afirmasse que não deixei pontos importantes para trás. Foi apenas a decisão mais acertada para mim, naquele momento. De que me valeria pensar hoje, dois anos depois, se fiz o que devia? Intriga-me este tipo de questões. Porque é que o ser humano vive constantemente em arrependimento do que faz (ou deixa de fazer)? As decisões têm tempo e espaço. Não devem ser repensadas. Não devem ser motivo de amargura tardia. Sim, sou muito pouco estóica. Perdoa-me, Ricardo. Precisava de mudar de ares. É a explicação mais eufemistica que poderia arranjar. Fugi. Fugir fisicamente (geograficamente) dos meus problemas ajuda-me a pensar mais claramente. Não, não resolveu tudo. Se fugisse cada vez que algo me tenta estilhaçar a homeostasia da minha mente, já teria dado a volta ao mundo. A solução que encontrei foi crescer. A verdade é que o processo de crescimento só me torna mais fria, distante, indiferente. E cada vez que tento afastar-me da pessoa que inconscientemente formei para ser eu, volto a ser magoada e o ciclo repete-se. Eventualmente, o tempo passa e a memória desvanece (não tanto como seria meu desejo, ter boa memória é uma maldição e não uma benção). Refugio-me em bons livros, no cinema. O cinema deixa-me num estado hipnótico, livra-me de todas as banalidades mundanas, transporta-me para outra realidade em que eu não sou eu, em que sou apenas alguém sem nome numa terra onde a identidade nada conta. Vivo na pele de outra personagem, sinto as suas dores e medos. E estes custam tão menos a suportar do que os meus. Esqueço os meus problemas em detrimento dos problemas alheios, com a tremenda vantagem de saber que estes não são reais. Alivia-me o espírito. Sei tudo sobre mim e, ao mesmo tempo, não sei quem sou. Estou perdida no cosmos, sou poeira inter-galáctica. Sou poeira inter-galáctica mal associada. Sou um crossing-over falhado. Focada, porém dispersa. Uma vez disseram-me que era demasiado densa para as pessoas comuns me compreenderem. Sou uma pessoa comum porque, eu mesma, não me compreendo. Talvez seja por colocar demasiadas questões a mim mesma. Talvez seja fruto dessa decidida indecisão.