“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
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I want you so much but I hate your guts
domingo, 30 de novembro de 2014 || 00:59
Alphaville (1965, Jean-Luc Godard)
ad æternum
sexta-feira, 28 de novembro de 2014 || 01:10
Para quê amar se não for para sempre? Por que havemos de mimetizar o incomparável? Marcar a vida com tentativas esforçadas de obter aquilo que só nos é revelado pelo acaso. Qual é o objectivo de subir ao topo da montanha do sentir, depois de uma viagem movida a
ecstasy, para descobrirmos o precipício ao darmos um passo em frente? Sim, objectivo. O maior defeito da espécie humana é a busca inconsciente pelo objectivo. Pelo mensurável. Pelo que é regido pelas normas infalíveis que se traduzem em expressões indecifráveis nos quadros dos físicos. Tentamos explicar o que sentimos, mas não sabemos de onde vem esse sentir. Na cabeça há pouco mais do que confluências de seios venosos, o coração está demasiado ocupado em manter o rubor das nossas bochechas. No meio desta necessidade absurda de o localizar anatomicamente, esquecemos a razão da sua existência. Perde-se no limbo entre o visceral e o metafísico. Fosse o amor eterno.
13 anos de saudade
domingo, 23 de novembro de 2014 || 20:11
My Darling Clementine (1946, John Ford)
Fala-me sobre ela. Mesmo que isso me desfaça em lágrimas. Não a deixes esvair-se na poeira do tempo. Fala-me sobre ela. Relembra-te e relembra-me. Não afogues a tua dor em esquecimento. Revejo todas as memórias que tenho, na esperança de um dia me rever nela. Na esperança de um dia ter a sua força e integridade moral. A sua coragem e emancipação. Guardei as suas coisas junto das minhas, não apenas para me sentir próxima dela mas para ter um santuário que justificasse fisicamente todo o meu amor. Que tristeza é ver alguém partir sem nos despedirmos, sem implorarmos perdão por todas as nossas falhas. Fala-me sobre ela. E eu falarei-te como crescemos ao ver uma pessoa que amamos cruzar o rio Lete, para lá dos reinos sombrios. Não me fales em Deus. Deixei de acreditar em deuses nesse dia. Acredito apenas na perpetuação do Amor. Esse, mais do que qualquer deus ou fé, ultrapassa a complexa barreira metafisica. Esse nem pela morte pode ser destruído.
Do bom Português: devia dormir.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014 || 01:12
Pierrot le fou (1965) - Godard
(re)aberto
sábado, 15 de novembro de 2014 || 21:00
Passaram 2 anos desde a última vez que aqui escrevi. Passei 2 anos em branco.
As palavras foram muitas, desde sussurros abafados pelo choro a gritos de felicidade
repetidos ao expoente da loucura. Quando criei o blog, em 2010, precisava de alguém que me ouvisse: troquei os diários de papel por um diário digital. Com o fim do secundário, a minha vida deu uma volta de 180º. Seria injusta se dissesse que esta mudança me invadiu com um mar de rosas, seria incorrecta se afirmasse que não deixei pontos importantes para trás. Foi apenas a decisão mais acertada para mim, naquele momento. De que me valeria pensar hoje, dois anos depois, se fiz o que devia? Intriga-me este tipo de questões. Porque é que o ser humano vive constantemente em arrependimento do que faz (ou deixa de fazer)? As decisões têm tempo e espaço. Não devem ser repensadas. Não devem ser motivo de amargura tardia. Sim, sou muito pouco estóica. Perdoa-me,
Ricardo. Precisava de mudar de ares. É a explicação mais eufemistica que poderia arranjar. Fugi. Fugir fisicamente (geograficamente) dos meus problemas ajuda-me a pensar mais claramente. Não, não resolveu tudo. Se fugisse cada vez que algo me tenta estilhaçar a homeostasia da minha mente, já teria dado a volta ao mundo. A solução que encontrei foi crescer. A verdade é que o processo de crescimento só me torna mais fria, distante, indiferente. E cada vez que tento afastar-me da pessoa que inconscientemente formei para ser eu, volto a ser magoada e o ciclo repete-se. Eventualmente, o tempo passa e a memória desvanece (não tanto como seria meu desejo, ter boa memória é uma maldição e não uma benção). Refugio-me em bons livros, no cinema. O cinema deixa-me num estado hipnótico, livra-me de todas as banalidades mundanas, transporta-me para outra realidade em que eu não sou eu, em que sou apenas alguém sem nome numa terra onde a identidade nada conta. Vivo na pele de outra personagem, sinto as suas dores e medos. E estes custam tão menos a suportar do que os meus. Esqueço os meus problemas em detrimento dos problemas alheios, com a tremenda vantagem de saber que estes não são reais. Alivia-me o espírito. Sei tudo sobre mim e, ao mesmo tempo, não sei quem sou. Estou perdida no cosmos, sou poeira inter-galáctica. Sou poeira inter-galáctica mal associada. Sou um crossing-over falhado. Focada, porém dispersa. Uma vez disseram-me que era demasiado
densa para as pessoas comuns me compreenderem. Sou uma pessoa comum porque, eu mesma, não me compreendo. Talvez seja por colocar demasiadas questões a mim mesma. Talvez seja fruto dessa decidida indecisão.