“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
outubro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
janeiro 2011
fevereiro 2011
março 2011
abril 2011
maio 2011
junho 2011
julho 2011
outubro 2011
agosto 2012
novembro 2014
dezembro 2014
janeiro 2015
fevereiro 2015
março 2015
abril 2015
maio 2015
junho 2015
julho 2015
agosto 2015
outubro 2015
dezembro 2015
fevereiro 2016
dezembro 2016
setembro 2017
fevereiro 2019
março 2019
abril 2019
maio 2019
setembro 2019
Macte animo, generose puer, sic itur ad astra.
terça-feira, 25 de outubro de 2011 || 19:36
Fechei as pesadas e pesarosas pálpebras desejando impedir as negras e densas nuvens, que enevoavam os meus olhos, de começar a precipitar. É difícil ser forte. É difícil calares todas as emoções que tens aos berros dentro de ti e tornares-te impávido como uma folha branca de papel. Mas é uma questão de tempo, prática e controlo.
Abri os olhos. Não fiquei contente por me ter apercebido que já tinha chegado onde queria, talvez noutra ocasião ficasse... mas não hoje.
Aqui também chove. E infelizmente não consigo impedir a chuva de me molhar. Mas hoje não me enerva que me molhe. Sigo pelo caminho ladeado pelo buxo, as estátuas imóveis, as árvores despidas… não resisto e aproximo-me do veado de mármore, tão branco e impávido quanto eu. Olho-o nos seus olhos de pedra e acaricio-lhe o lombo afavelmente. “Somos iguais, Lug…”, penso para mim e torno a pensar “Somos iguais…”.
Sigo pelo labirinto de buxo. Há coisas tão difíceis de explicar, ainda para mais de cabeça quente. Vou deambulando pela beira do riacho, tentando não pensar. Por vezes pensar é pior, uma espécie de retroalimentação positiva para o sofrimento. Por isso é que vim para aqui, noutra dimensão não podes pensar nos problemas reais.
Parei em frente da grande magnólia. O portão é ali, eu estou aqui bem perto dele. Ninguém me garante que permaneço nesta dimensão se o atravessar. Talvez o melhor seja tocar na majestosa e antiquíssima árvore e voltar. Levanto a minha mão pesarosamente…
- Estás aqui… procurámos-te por toda a parte! – exclamou a voz da Misa atrás de mim e a minha mão suspensa no ar.
- Não acredito que estás a chorar! – ralhou o Karmel, com ar reprovador – Não se resolvem as coisas assim!
- Ainda por cima estás à chuva! – acrescentou Menta e fez um gesto circular com a mão, tornando-me seca e o ambiente à minha volta impermeável.
- Não podes ir abaixo assim! – aconselhou o Berto, com ar preocupado.
- E olha que o dizemos em prol do bem e satisfação da humanidade! – sorriu o Miguel.
- Nada se resolve com o simples controlo das emoções. – murmurou Dafne e o Ítrio colocou a mão no seu ombro, assentindo com a cabeça.
E então eu vi-os. Vi-os a todos ali reunidos por mim. Desde as crianças, como o Teodorico, até aos mais idosos, como o director de Sapienti. Humanos, musas, génios, ventos, criaturas mágicas… Todos sorriam e se preocupavam comigo.
- E a força está dentro de ti! – exclamou o Trasgo, sorrindo-me de orelha a orelha.
- Macte animo, generose puer, sic itur ad astra. – murmurou Geia, penetrando-me com os seus olhos roxos acinzentados.
- Agora vai, querida. – incitou Nevra. – E nunca te esqueças de nós.
Toquei no tronco da magnólia e abri os olhos. “Não esqueço.”, prometi. Nunca me esqueço que “there’s always a raibow after a rainy cloud”.