Tu me tues. Tu me fais du bien.

The writer
A girl lost in translation. Cinema lover, currently crushed on Godard. Worst temper than Mr. Darcy's. Too concerned with politics and philosophy for a medical student. Left wing. Name a western and I'll tell you the story. ♥

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“just the beating of hearts, like two drums in the grey”
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Macte animo, generose puer, sic itur ad astra.
terça-feira, 25 de outubro de 2011 || 19:36

Fechei as pesadas e pesarosas pálpebras desejando impedir as negras e densas nuvens, que enevoavam os meus olhos, de começar a precipitar. É difícil ser forte. É difícil calares todas as emoções que tens aos berros dentro de ti e tornares-te impávido como uma folha branca de papel. Mas é uma questão de tempo, prática e controlo.
Abri os olhos. Não fiquei contente por me ter apercebido que já tinha chegado onde queria, talvez noutra ocasião ficasse... mas não hoje.
Aqui também chove. E infelizmente não consigo impedir a chuva de me molhar. Mas hoje não me enerva que me molhe. Sigo pelo caminho ladeado pelo buxo, as estátuas imóveis, as árvores despidas… não resisto e aproximo-me do veado de mármore, tão branco e impávido quanto eu. Olho-o nos seus olhos de pedra e acaricio-lhe o lombo afavelmente. “Somos iguais, Lug…”, penso para mim e torno a pensar “Somos iguais…”.
Sigo pelo labirinto de buxo. Há coisas tão difíceis de explicar, ainda para mais de cabeça quente. Vou deambulando pela beira do riacho, tentando não pensar. Por vezes pensar é pior, uma espécie de retroalimentação positiva para o sofrimento. Por isso é que vim para aqui, noutra dimensão não podes pensar nos problemas reais.
Parei em frente da grande magnólia. O portão é ali, eu estou aqui bem perto dele. Ninguém me garante que permaneço nesta dimensão se o atravessar. Talvez o melhor seja tocar na majestosa e antiquíssima árvore e voltar. Levanto a minha mão pesarosamente…
- Estás aqui… procurámos-te por toda a parte! – exclamou a voz da Misa atrás de mim e a minha mão suspensa no ar.
- Não acredito que estás a chorar! – ralhou o Karmel, com ar reprovador – Não se resolvem as coisas assim!
- Ainda por cima estás à chuva! – acrescentou Menta e fez um gesto circular com a mão, tornando-me seca e o ambiente à minha volta impermeável.
- Não podes ir abaixo assim! – aconselhou o Berto, com ar preocupado.
- E olha que o dizemos em prol do bem e satisfação da humanidade! – sorriu o Miguel.
- Nada se resolve com o simples controlo das emoções. – murmurou Dafne e o Ítrio colocou a mão no seu ombro, assentindo com a cabeça.
E então eu vi-os. Vi-os a todos ali reunidos por mim. Desde as crianças, como o Teodorico, até aos mais idosos, como o director de Sapienti. Humanos, musas, génios, ventos, criaturas mágicas… Todos sorriam e se preocupavam comigo.
- E a força está dentro de ti! – exclamou o Trasgo, sorrindo-me de orelha a orelha.
- Macte animo, generose puer, sic itur ad astra. – murmurou Geia, penetrando-me com os seus olhos roxos acinzentados.
- Agora vai, querida. – incitou Nevra. – E nunca te esqueças de nós.
Toquei no tronco da magnólia e abri os olhos. “Não esqueço.”, prometi. Nunca me esqueço que “there’s always a raibow after a rainy cloud”.